Brasil de Fato Paraná - Edição 36

Page 1

Divulgação

Esportes | p.12

Bons resultados do Foz Cataratas

Cedo demais A morte do cantor Belchior, aos 70 anos, deixa o vazio de quem retratou o país com rebeldia e juventude

Com duas vitórias em três jogos, equipe é a segunda colocada da Liga Nacional de Futsal

PARANÁ

Cultura | p.10

04 a 10 de maio de 2017

distribuição gratuita

Ano 02 | Edição 36

Divulgação

Geral | p.3

Brasil | p.9

Cidades| p.5

Quem fala o que quer...

Aposentadoria em risco

Problemas na merenda

Depois de afirmar que grevistas são vagabundos, vereador Filipe Barros, de Londrina, é alvo de protesto

Sob protestos da oposição, Câmara aprova texto-base da reforma da Previdência

Conselho Estadual de Alimentação Escolar aponta 26 irregularidades, entre elas, o déficit de 400 nutricionistas

CURITIBA NO CENTRO DA AGENDA POLÍTICA Nos dias 9 e 10, movimentos sociais preparam mobilizações na capital do Paraná em defesa da democracia e em solidariedade ao expresidente Lula, que prestará depoimento ao juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato Paulo Pinto/Agência PT

Brasil | p.6 e 7

Lula Marques


2 | Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

A maior greve da história não passou na TV

André Chaves

N

sociais. Todos contrários às medidas de Temer para desmontar a Previdência Social (PEC 287) e os direitos trabalhistas (PL 6787/2016). Para quem presenciou o impacto da ação dos trabalhadores, ficou uma sensação incômoda. Afinal, rádios e TVs comerciais falaram apenas do trânsito e não das ações de várias categorias. Isso porque, capitaneada Uma das principais pelas grandes redes de lições do dia 28 é televisão, a mídia tem preconceito com a orque os trabalhadores dos trabalhadevem ter sua própria ganização dores. forma de comunicação Para eles, a greve não significa um direito

o dia 28 de abril, cerca de 40 milhões de trabalhadores paralisaram as atividades em todo o país. O dia da greve geral já é considerado o maior da história, foi mobilizada por centenas de entidades sindicais e

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 36 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Júlia Rohden e Pamela Oliveira ARTICULISTAS Roger Pereira, Manolo Ramires, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza, Priscila Murr FOTOGRAFIA Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Robson Sebastian, Naiara Bittencourt e Fernando Marcelino TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br

constitucional, os trabalhadores prejudicam o trânsito quando lutam por direitos, e a conta da crise deve ser paga pelos mais pobres. Chamar a greve de apenas política também é uma forma de fugir do assunto. As medidas de Temer ele-

vam o índice de desemprego e prejudicam a vida das pessoas. É justo, então, que nos bairros, nos sindicatos e nas igrejas, os trabalhadores discutam a situação. Mais de cem bispos, por exemplo, apoiaram a greve no Brasil.

O próximo passo dos trabalhadores é ocupar Brasília para pressionar o governo e o Congresso a retirarem as reformas. Uma das principais lições do dia 28 é que os trabalhadores devem ter sua própria forma de comunicação.

OPINIÃO

Trabalho em troca de alimentação? Querem legalizar o trabalho escravo no campo? Por Naiara Bittencourt, advogada e integrante da Marcha Mundial de Mulheres

N

ão bastasse a reforma trabalhista que extingue direitos sociais importantes dos trabalhadores brasileiros, agora uma nova ameaça do poder legislativo coloca em risco os camponeses, podendo legalizar o trabalho análogo ao escravo no meio rural. O Projeto de Lei de nº 6.442/2016, apresentado pelo deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), membro da Frente Parlamentar de Agropecuária (conhecida como a bancada ruralista), quer modificar a regulação do trabalho rural em prol dos interesses do patronato do campo brasileiro. A proposta corrobora a sofrível reforma trabalhista aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada e vai além: 1) permite a re-

muneração em “qualquer espécie”, podendo haver trabalho em troca de alimentação, moradia, vestuário, sem que o empregado receba qualquer valor em dinheiro; 2) aumenta a jornada de trabalho em até 12 horas em razão de “força maior, causas acidentais ou serviços inadiáveis”;

O projeto de lei avança sobre direitos básicos relacionados à saúde física e mental, como descanso e férias 3) prevê o trabalho ininterrupto sem descanso semanal por até 18 dias seguidos aos trabalhadores que moram em outra cidade do tra-

balho; 4) consente a venda integral das férias se o trabalhador morar no mesmo lugar de trabalho; 5) autoriza o desconto do salário do trabalhador se o patrão fornecer moradia e alimentação; 6) cria mecanismos que reduzem a segurança dos trabalhadores na aplicação de agrotóxicos; entre outros retrocessos. Os motivos alegados pelo deputado são aqueles bem conhecidos: modernizar as relações de trabalho no campo e diminuir o desemprego. Um discurso bonito que esconde a verdadeira intenção: elevar os lucros do agronegócio, explorando cada vez mais os trabalhadores rurais. Em suma, o projeto de lei avança sobre direitos básicos relacionados à saúde física e mental, como descanso e férias. E acaba com a livre disposição do salário, não garantindo condições materiais mínimas de sobrevivência aos empregados no campo.


Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

mandou

FRASE DA SEMANA

bem

“Eu não aceito elogios pelo fato de cuidar dos filhos, cuidar da casa, dividir a tarefa com a esposa... Eu acho que isso é obrigação de todos os homens”

mandou

mal

Divulgação

Enquanto trabalhadores de todas as regiões do país entraram em greve no último dia 28 contra a retirada de direitos, o jogador de futebol Felipe Melo, volante do Palmeiras, gravou um vídeo chamando os manifestantes de “vagabundos”. Ao final do depoimento, publicado em suas redes sociais no dia 1º de maio – feriado do Dia do Trabalhador – mandou ainda pior ao declarar seu apoio à candidatura de Bolsonaro.

Divulgação

Divulgação

Em campanha virtual, atores e atrizes globais se manifestaram contra a reforma trabalhista proposta por Michel Temer. Nomes como Alinne Moraes, Tata Werneck, Paulo Betti, Suzi Rêgo e Herson Capri publicaram fotos nas redes sociais mostrando suas carteiras de trabalho, entre legendas manifestando a crítica à reforma. Por meio de hashtags, declaram: “somos contra a reforma trabalhista” e “não decidam por nós porque temos voz”.

3 | Geral

disse Rodrigo Hilbert, ator e apresentador de TV. Ele reconhece que não faz mais do que a obrigação ao dividir o trabalho doméstico com sua campanheira.

Vereador de Londrina chamou trabalhadores de “vagabundos” Da Redação O vereador Filipe Barros (PRB), da Câmara Municipal de Londrina, postou em sua página no Facebook um vídeo em que chama os trabalhadores de “cambada de vagabundos”. A declaração foi divulgada no dia da greve geral, 28 de abril, que reuniu cerca de 20 mil pessoas em um ato na cidade, contra as reformas trabalhista e previdenciária do presidente Michel Temer (PMDB). “O negócio é bullying em grevista”, disse o vereador em meio a risos. A gravação foi feita de dentro de um carro, por uma pessoa sentada no

banco do carona, enquanto o próprio vereador dirigia. Em seguida, ele afirma que cometeria violência contra os manifestantes, caso estivessem em frente ao seu estabelecimento: “Se faz isso na frente da minha loja, eu desço o porrete em todo mundo”. O vereador responde à ação no Ministério Público por discriminação religiosa e injúria racial, e também já investigado por compra de votos. Ato de repúdio O Coletivo de Sindicatos de Londrina mobiliza um ato na Câmara de Vereadores nesta quintafeira (4), às 13h, em repúdio às declarações de Filipe Bar-

ros. Segundo informações disponibilizadas pelos organizadores do protesto, durante o ato será formalizada uma denúncia na Comissão de Ética da Câmara. Como símbolo da indignação diante das declarações do vereador, os organizadores do ato pedem que os participantes levem a carteira de trabalho. Segundo as prerrogativas do Código de Ética e Decoro da Câmara dos Vereadores de Londrina, os parlamentares devem tratar os cidadãos com respeito, além de garantir o cumprimento das leis previstas na Constituição Federal. O direito à greve e à manifestação são previstos pela Constituição brasileira. João Guilherme Castro

REPRESSÃO A greve geral do dia 28 foi marcada por repressões policiais violentas em diversas regiões do país. A imagem ao lado, fotografada por João Guilherme Castro, do Coletivo Leite Quente, retrata a postura da polícia em Ponta Grossa. Em Goiânia, um agente quebrou o cassetete no rosto de um manifestante.

Aviso prévio Aviso prévio é a notificação informando a data fim dos contratos de trabalho por prazo indeterminado, quando a dispensa for sem justa causa ou por iniciativa do empregado. A notificação deve ser feita com antecedência de 30 dias, para assegurar uma reorganização tanto para o empregado quanto para o empregador, conforme está previsto na Constituição Federal. O aviso pode ser trabalhado ou indenizado. No primeiro caso, o empregado deverá cumprir o que foi estipulado. Já no aviso indenizado, o empregador indenizará proporcionalmente ao que o empregado estava ganhando quando estava trabalhando. Nos casos em que o empregado opta por não cumprir o aviso prévio, o valor correspondente à indenização será descontado nas verbas rescisórias.

CLT De acordo com a Lei 12506/2011, prevê que o aviso prévio deve ser concedido na proporção de 30 dias aos empregados com até um ano de serviço na mesma empresa. O aviso deve ganhar três dias a mais para cada ano prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 dias, limitando até um total de 90 dias.


4

Perfil

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

4 | Cidades

Um saldo positivo, apesar da dor

Casal vítima de panfletos homofóbicos avalia que a situação fortaleceu a luta contra o preconceito Arquivo Pessoal

João Pedro, Letícia e Bruno posam para foto após o ato em apoio ao casal

Por Carolina Goetten, de Curitiba (PR)

O

Edvan Carlos Lima

jornalista João Pedro Schonarth abre as portas do sobrado ainda em reforma, onde mora há menos de um mês, acompanhado por seus dois cachorros, Tom e Tody. O companheiro, Bruno Banzato, não está em casa: servidor público da UFPR, cumpre uma carga horária mais extensa do que João. “Eu gostava quando nós dois trabalhávamos no período da manhã e tínhamos muito tempo juntos para conduzir nossa rotina, cozinhar, passear com os cachorros”, recorda-se. O casal tornou-se conhecido nacionalmente ao denunciar, nas redes sociais, um panfleto repulsivo e criminoso distribuído à porta de sua casa e pelas ruas do bairro Água Verde.

Alguns dias depois, moradores da região e de toda a cidade se reuniram num protesto em combate à homofobia. “Quando vi aquele panfleto as minhas pernas vacilaram, caí sentado”, lembra João Pedro.

Nosso caso foi classificado criminalmente como injúria, embora se trate de crime de ódio explícito. Só passamos por isso porque somos gays Uma das pessoas que se comoveu e solidarizou com o episódio é a pequena Letícia Haro, de dez anos, que

mora a algumas quadras do casal. Chegou aliviada de encontrá-los no restaurante, explicando que não conseguiu chegar a tempo para participar do protesto. “Pediu para tirar foto com a gente, já depois do ato, e disse que estava ao nosso lado”, lembra João. Sete anos de cumplicidade Bruno e João Pedro moram juntos há sete anos e contam que nunca viveram uma situação como esta. “A homofobia ainda não é crime tipificado em nosso país”, critica João. “Nosso caso foi classificado criminalmente como injúria, embora se trate de crime de ódio explícito. Só passamos por isso porque somos gays”. A casa em que moram está nas etapas finais da reforma. Enquanto instalam prateleiras, desencaixam móveis e organizam aposentos, o último andar já foi equipado com o sofá em que assistem séries e do qual até os cachorros se aproveitam para cochilar. Ao lado da sala de TV, uma varanda ensolarada aguarda a chegada da criança que em breve fará parte da família. “O processo está na etapa final”, João conta, ansioso. “Não vemos a hora de amar, acolher e educar um filho que aguarda uma família nas filas de adoção”.

Mulheres protestam contra atitude racista do Boticário Franciele Petry Schramm, de Curitiba (PR) Cerca de 50 pessoas se reuniram na noite desta quarta-feira (3), em frente à loja do Boticário na Rua XV de Novembro, em Curitiba, para protestar contra as atitudes racistas tomadas pela franquia da empresa de cosméticos curitibana. A mobilização foi convocada pelas redes sociais e reuniu mulheres que, por meio de pronunciamentos e músicas, repudiaram o episódio. No último dia 24 de abril, a enfermeira e militante da Marcha Mundial de Mulheres, Juliana Mittelbach, foi vítima de racismo enquanto frequentava a loja no centro da cidade. Ela foi ao local para comprar um lápis de olho, mas as vendedoras demonstraram má vontade de atender a militante e negaram que houvesse o produto. Minutos após a mulher deixar a loja, uma amiga voltou ao local para procurar o mesmo cosmético. Sua amiga, branca e loira, chegou a tirar fotos dos três tipos de lápis que foram oferecidos a ela. Juliana denunciou o caso à Polícia Civil, e fez o relato da situação nas redes sociais. Milhares de pessoas reagiram à publicação no Facebook, e outras centenas prestaram solidariedade nos

comentários. Crime previsto em lei A situação vivenciada pela enfermeira se enquadra na Lei Federal nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. A legislação estabelece que é crime “recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador”.

A enfermeira Juliana Mittelbach denunciou o caso à Polícia Civil Em sua postagem no Facebook, Juliana desabafou. “Muito triste que até o meu dinheiro valha menos do que de uma pessoa branca”. A empresa chegou a entrar em contato com a mulher, se retratando e oferecendo uma cesta de produtos como forma desculpas. A enfermeira não aceitou a proposta e indica a necessidade de outra medida: “A melhor reparação é organizarem formação para seus funcionários e franquias para combater práticas racistas”.


Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

5 | Cidades

Faltam mais de 400 nutricionistas na rede estadual de ensino Integrantes do Conselho Estadual de Alimentação Escolar apontam outras 25 irregularidades Julia Rodhen

Júlia Rohden, de Curitiba (PR)

SITUAÇÃO NAS ESCOLAS É QUESTIONADA

A

penas três nutricionistas atendem mais de 2,1 mil escolas estaduais e 1,1 milhão de alunos matriculados no Paraná. As escolas deveriam contar com cerca de 440 profissionais, de acordo com os cálculos do Conselho Federal de Nutricionistas. Ou seja, as três nutricionistas poderiam acompanhar até 2500 alunos. O quadro insuficiente desses profissionais foi uma das 26 irregularidades apontadas por integrantes do Conselho Estadual de Alimentação Escolar (CAE) para reprovar a prestação de contas do Estado referente a 2016. Um documento foi enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), Ministério Público Estadual e Federal e o Conselho aguarda a avaliação dos órgãos. A vice-presidenta do Conselho Federal de Nutricionistas, Albaneide Peixinho, compara que tanto no Distrito Federal, quanto na cidade de São Paulo, são cerca de 80 nutri-

A melhoria da estrutura nas escolas é outra pauta antiga do Conselho

cionistas atuando na rede escolar. Ela, que durante 13 anos coordenou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), afirma que é inviável os nutricionistas no Paraná cumprirem todas suas atribuições. Entre as tarefas estariam: observar o perfil nutricional dos alunos para elaborar cardápios adequados, realizar atividades de educação nutricional, acompanhar licitações, orientar as cozinheiras, entre outras. “Isso é impossível com essa quantidade de nutricionis-

tas”, opina. A Secretaria Estadual de Educação confirmou que dispõe de apenas três profissionais e não apresentou à reportagem perspectivas de rever a situação. Em relação à prestação de contas, alegaram que foram questões pontuais de interpretação do Conselho. “No entanto, a Secretaria tem justificativas que embasam a regularidade de todas as suas ações nesse período”, afirmou por e-mail, sem mais detalhes.

Conselheiros alegam falta de recursos para fiscalização Um dos principais motivos para a reprovação da prestação de contas do Estado no CAE foi a falta de recursos para realizar a fiscalização. O Conselho é responsável por monitorar os repasses federais para a alimentação escolar e garantir boas práticas sanitárias e de higiene. A entidade é considerada fundamental para a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), tanto que caso o CAE não seja constituído o repassa de verba para o Programa pode ser suspenso. George Barbosa explica que a prestação de contas de 2015 também foi reprovada pelo Conselho,

por motivos parecidos aos de 2016, especialmente pela falta de estrutu-

NÚMEROS

45% das escolas não há refeitório

ra para a fiscalização. O processo de 2015 ainda está em análise no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que pode suspender os repasses ao Paraná caso não aprove a prestação de contas. A recente reprovação das contas de 2016 no Conselho, realizada em reunião em abril deste ano, ainda aguarda a análise do FNDE e de outros órgãos fiscalizadores. Para a Secretaria não há falta de estrutura que dificulte a fiscalização do Conselho. Informa que, no ano de 2016, o CAE passou a contar com sala e uma servidora pública para auxiliar nas atividades administrativas.

Conselheira estadual de educação e professora, Vanessa Reichenbach conta que outra reivindicação é a criação do cargo de merendeira no Paraná. George Barbosa, que integra o CAE há 14 anos, afirma que em muitos casos quem faz a merenda é também quem faz a faxina, o que gera sobrecarga da trabalhadora e dificulta sua qualificação. A nutricionista Albaneide Peixinho também defende a criação do cargo e ressalta que a merendeira não pode ser apenas “alguém que cozinha bem”, ela também é uma orientadora para que a criança tenha hábitos saudáveis. A melhoria da estrutura nas escolas é outra pauta antiga dos conselheiros. Urçula Zanon atua no CAE representando os pais de alunos e alega que os mesmos problemas se repetem há anos. Segundo ela, alguns alunos comem em pé por falta de refeitório. De acordo com a Secretaria, 55% das instituições de ensino possuem refeitórios. O presidente do Conselho, George Barbosa, avalia que faltam políticas públicas de incentivo à agricultura familiar. Por lei, 30% do valor repassado pelo PNAE deve ser investido na compra direta desses produtores. Barbosa defende que as cooperativas e associações de agricultura familiar paranaenses poderiam vender muito mais do que o percentual mínimo previsto por lei, proporcionando alimentos de melhor qualidade.


6 | Brasil 6 | Brasil

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

Curitiba recebe jornada pela Democracia e em apoio a Lula Programação inclui manifestações artísticas e inter-religiosas nos dias 9 e 10 de maio Ricardo Stuckert

Por Daniel Giovanaz, de Curitiba (PR)

M

ovimentos populares e organizações da sociedade paranaense planejam uma série de manifestações para os dias 9 e 10 de maio na região central de Curitiba. A Jornada de Lutas pela Democracia começou no dia 2 de maio e continua na terça-feira (9) que antecede o depoimento do ex-presidente Lula (PT) ao juiz Sérgio Moro e termina na quarta-feira (10), ao final da tarde, com um ato político com a presença do petista. O depoimento do petista estava previsto para o dia 3 e foi adiado em uma semana, com alegação de questões de segurança por parte da Secretaria Estadual de Segurança, o que mudou os planos dos organizadores. Por isso, alguns horários e locais estão em aberto e devem ser confirmados até o final da semana. Os eventos foram convocados pela Frente Brasil Popular, em conjunto com a Frente Resistência Democrática

Ato inter-religioso Na véspera do depoimento do ex -presidente Lula, às 19 horas, a Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz recebe um ato inter-religioso, seguido de uma vigília noturna. “Esse ato é contra a reforma da Previdência e a reforma trabalhista, e em defesa dos direitos dos trabalhadores. Por nenhum direito a Ação pretende reunir ao menos 50 mil pessoas na menos”, ressalta Tereza capital paranaense Lemos, integrante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicae a organização Advogados ciparam da mesa-redonda to) e uma das organizadopela Democracia. “Direitos e Democracia: ras do evento. “Não é um conquistas e retrocessos”, ao ato ecumênico em defesa Formação A abertura ofilado da procuradora Cristiado Lula, mas em defesa da cial da Jornada, no dia 2 de ne Sbalqueiro Lopes. democracia. Ele maio, foi uma aula popular [Lula] acaba faintitulada “Desvendando a zendo parte desLava Jato”, com a presença sa jornada por do juiz Marcelo Tadeu Letudo que ele remos e dos criminalistas José “Não é um ato presenta no proCarlos Portella Junior e Micesso democráchelle Cabrera. O segundo ecumênico em defesa tico no Brasil”. evento, no dia seguinte, do Lula, mas em defesa também teve caráter formada democracia” tivo: professores do Curso de Direito da UFPR, Wilson RaTereza Lemos mos Filho e Carlos Frederico Marés de Souza Filho parti-

Cultura em defesa da democracia Os dias 9 e 10 também contam com a participação e apoio de artistas, paranaenses e também do cenário nacional. Apresentações culturais acontecem ao longo dos dois dias de atividades. Está confirmada a presença do músico mineiro Pereira da Viola. Artistas de Curitiba também confirmaram presença, caso de Estrela Leminski e Téo Ruiz, Guego Favetti, além de diversos grupos de rap. Uma das orga-

nizadoras, a produtora cultural Anaterra Viana, afirma que uma diversidade de artistas foram convidados e “têm em comum a defesa da democracia neste momento”, diz. Caravanas Apesar da remarcação do depoimento de Lula, vários estados brasileiros confirmaram que vão enviar caravanas para participar da Jornada. Um dos locais de concentração das

caravanas será um acampamento para pouso e realização de atividades políticas. O movimento “Ocupa Curitiba”, organizado pela Frente Brasil Popular em solidariedade ao ex-presidente, pretende reunir ao menos 50 mil pessoas na capital paranaense entre os dias 9 e 10 de maio. Colaboração de Pedro Carrano

JOSÉ DIRCEU EM LIBERDADE Após ficar preso provisoriamente desde agosto de 2015, o ex-ministro José Dirceu deixou o Complexo Médico Penal (CMP), em São José dos Pinhais (RMC), na tarde do dia 3. A soltura veio após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Dirceu foi levado direto para a sede da Justiça Federal para a colocação da tornozeleira eletrônica, onde foi recebido por apoiadores e também por um grupo contrário à sua liberdade. Além do uso da tornozeleira, o juiz federal Sérgio Moro determinou que o ex-ministro permaneça na cidade de Vinhedo (SP), onde reside, e que não saia do país.


Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

7 | Brasil

Por que Lula vai prestar depoimento? Novela “triplex do Guarujá” se arrasta há mais de um ano. Defesa considera que as investigações da operação Lava Jato são conduzidas de maneira arbitrária Por Daniel Giovanaz, de Curitiba (PR)

O

ex-presidente Lula (PT) e o juiz Sérgio Moro vão se encontrar frente a frente pela primeira vez na tarde da próxima quarta-feira, 10 de maio, no prédio da Justiça Federal, em Curitiba. O petista vem ao Paraná na condição de réu da operação Lava Jato, para prestar depoimento sobre um suposto recebimento de propina junto à empreiteira OAS. Diante da fragilidade dos indícios apresentados até o momento, a defesa considera que as investigações são arbitrárias e que existe um massacre midiático contra o réu. A denúncia contra Lula foi feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e aceita na íntegra por Moro em 20 de setembro do ano passado. Ela sustenta que o ex-presidente recebeu um valor equivalente a R$ 3,7 milhões em propina, supostamente negociada em três contratos com a OAS. Na ação penal, ele se tornou réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A propina da empreiteira, segundo o MPF, foi paga através da reserva e da reforma de um apartamento no edifício Solaris, no litoral paulista – o famoso “triplex do Guarujá” – e do custeio e armazenamento de seus bens. Na fase de audiência de testemunhas, em fevereiro deste ano, Moro ouviu vários depoentes sobre o caso. A maioria deles sinalizou pela inocência do petista, mas o juiz paranaense não se deu por satisfeito. Durante o depoimento do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a defesa de Lula questionou a postura do magistrado e chegou a dizer que ele fazia “perguntas de um inquisidor, e não perguntas de um juiz” – como se Moro quisesse produzir provas ou assumir uma outra função no processo, e não estivesse disposto apenas a julgá-lo.

Faltam provas O triplex do Guarujá consta na recuperação judicial da OAS como propriedade da empreiteira. Lula afirma que não tem a chave e que jamais dormiu no apartamento. Em abril, porém, o caso voltou a ocupar as manchetes depois que o empresário Léo Pinheiro, da OAS, informou ao juiz Sérgio Moro que o apartamento seria destinado à família do ex-presidente. Encurralado, sem ter como comprovar a informação, restou a Pinheiro dizer que “Lula pediu para destruir provas”. Moro não absolve Marisa Além do ex-presidente, outras seis pessoas

Segundo os advogados do ex-presidente, não há nada que justifique a prisão temporária no dia 10 de maio são rés nesta ação penal. Entre elas, a esposa de Lula, Marisa Letícia, que morreu em 3 de fevereiro e, por isso, teve sua punibilidade extinta. O juiz Sérgio Moro não aceitou o pedido de absolvição sumária feito pela

defesa: “Observo que, pela lei e pela praxe, cabe, diante do óbito, somente o reconhecimento da extinção da punibilidade, sem qualquer consideração quanto à culpa ou inocência do acusado falecido em relação à imputação”, declarou. Lula pode ser preso? Segundo os advogados do ex-presidente, não há nada que justifique a prisão temporária no dia 10 de maio, em Curitiba. Por isso mesmo, eles devem solicitar ao juiz Sérgio Moro que autorize a transmissão ao vivo do depoimento, para evitar o “vazamento seletivo” do interrogatório na imprensa.

Relembre os outros dois casos em que o petista se tornou réu na Lava Jato e entenda por que a defesa do expresidente Lula questiona a arbitrariedade das investigações:

JULHO DE 2016 Justiça Federal do Distrito Federal acata denúncia apresentada pelo Ministério Público de que Lula teria participado de uma tentativa de “comprar o silêncio” de Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da Petrobras, para evitar uma delação premiada e obstruir a operação Lava Jato. A acusação contra Lula foi apresentada ao Supremo Lula Marques pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base na delação premiada do ex- senador Delcídio do Amaral, que foi coagido a delatar para aliviar sua pena. Segundo reportagem publicada pela revista Piauí, em junho de 2016, aquela delação foi obtida a partir do uso de “um gás de combustão” em um quarto trancado, sem luz. A defesa de Lula considera que, nessas condições, o depoimento deve ser desconsiderado.

DEZEMBRO DE 2016

Marcelo Camargo

Sérgio Moro aceita nova denúncia contra o ex-presidente Lula, que se torna réu pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente foi acusado de participar de um esquema para desviar de 2% a 3% dos valores dos contratos assinados entre a empreiteira Odebrecht e a Petrobras. A denúncia foi construída com base em um inquérito policial no qual Lula e seus advogados tiveram apenas dois dias para se manifestar. Em menos de um dia útil, eles já estavam indiciados. Segundo a defesa, isso evidencia a pressa dos representantes do Judiciário para tornar Lula novamente réu sem provas consistentes. “O que se observa é a ânsia desmesurada e crescente de prover acusações a Lula em tempo recorde”, disse em nota o advogado Cristiano Zanin Martins.


8 | Brasil 8 | Brasil

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

Temer desconfigura o papel do BNDES

Desmonte

Instituição pública perde investimentos e tem queda na concessão de crédito Divulgação

Por Pedro Carrano, de Curitiba (PR)

P

ouco menos de um ano. O necessário para o governo Temer (PMDB) redirecionar e diminuir o papel do principal banco de financiamento e indução do setor produtivo: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). O BNDES, subordinado ao ministério do Planejamento, é responsável, por exemplo, pelo financiamento de exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia e construção. Só que a mais recente medida da direção do banco é a mudança do cálculo da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje fixada em 7,5% ao ano - taxa que ajudava a corrigir e ficar abaixo da Selic (12,25% ao ano) e basear os empréstimos do órgão. Esta taxa é considerada o principal parâmetro para determinação do preço do crédito e também importante para investimentos em infraestrutura. Com a medida anunciada pela presidência do BNDES, a Selic passa a ser uma das referências para o empréstimo da instituição financeira. “Na verdade, com a mudança na TJLP muda bastante o papel do BNDES na economia, é como se você colocasse o banco na mesma situa-

RECURSOS DO BNDES EM RELAÇÃO AO PIB

2007

2,4% do PIB

2010

4,3% do PIB

2014

3,4% do PIB

ção do ponto de vista da concessão de crédito dos bancos comerciais”, analisa o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Universidade Estadual

“No novo governo de fato as interpretações apontam uma desidratação completa do papel do Estado na economia e da sociedade”, Cesar Sanson

de Campinas. O economista Marcelo Manzano, da Fundação Perseu Abramo (FPA), acentua a questão de a taxa da TJLP ser favorável aos investimentos de longo prazo, ao passo que os bancos privados atuam no curto prazo. “Sob a alegação de que, para manter a TJLP em patamares inferiores à estratosférica taxa Selic, gerava-se um custo fiscal indesejável e uma distorção na política monetária (ora, mas o problema não seria então a altura da Selic?) preferiram cortar a única fonte de financiamento efetivo que se conhece no Brasil para o investimento de longo prazo”, crítica.

Diminuição de conteúdo local e privatizações Ainda em 2016, o BNDES já havia aprovado medidas temporárias de redução de 60% para 50% do índice mínimo de nacionalização em valor exigido para o credenciamento de máquinas e equipamentos, sistemas industriais e componentes nas

operações de crédito do Banco. O banco será o condutor do processo de concessões e outras formas de desestatização de ativos, dentro do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), no plano nacional e nos estados.

Não é apenas o BNDES. O conjunto da obra de Temer busca redefinir o papel que os bancos públicos tiveram nos governos petistas. Esta é a avaliação do cientista político Cesar Sanson, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Assim como outros pesquisadores, ele classifica o período anterior como “neodesenvolvimentista”, que se caracterizava por três fatores: o “Estado investidor”, sintetizado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pelo o investimento em grandes obras de infraestrutura; “Estado social”, que foram as políticas sociais compensatórias, como o Bolsa Família; e o “Estado financiador”, que, por meio do BNDES, financiava empresas privadas e apostava na criação de empresas de capital nacional que pudessem competir no mercado internacional. Nenhum desses itens está presente no projeto após o impeachment de Dilma Rousseff, em 17 de abril de 2016. “No novo governo de fato as interpretações apontam uma desidratação completa do papel do Estado na economia e da sociedade”, conclui.


Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

9 | Brasil

Sob protestos, Câmara aprova textobase da reforma da Previdência Projeto tem poucos ajustes em relação ao texto original e deve enfrentar votação difícil no plenário Marcelo Camargo

Por Cristiane Sampaio, Do BdF Brasília

C

âmara Federal aprovou na noite desta quarta-feira (3), o substitutivo (projeto alternativo) apresentado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) na comissão especial sobre a reforma da Previdência, traduzida na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. Depois de um dia inteiro de debates e intensa troca de farpas no colegiado, o governo alcançou 23 votos contra 14 dos opositores. Nenhum deputado se absteve de votar. O placar que corresponde às previsões

Sessão teve debates e intensa troca de farpas entre oposição e governistas

traçadas e resulta não só das barganhas de bastidor empreendidas pelo Planalto. O governo se movimentou em um troca-troca para substituir parlamentares da base aliada que pudessem co-

locar em risco o resultado almejado. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) qualificou o placar como um “artificialismo”. “O governo quer passar uma falsa imagem de

uma maioria que ele não tem nesta Casa; tem feito substituições, ameaças, chantagens e chamado os colegas de infiéis. Mas os colegas que são contra a reforma não são infiéis; eles são fiéis à população brasileira. (…) Este resultado aqui é falso e não reflete o número que hoje teríamos no plenário”, completou o oposicionista, em entrevista ao Brasil de Fato. Os partidos PT, PCdoB, PSOL, Rede, PDT, PHS, PROS e Solidariedade orientaram as bancadas a votarem contra a medida, enquanto a base aliada computou votos de legendas como PMDB, PSDB, DEM, PSD, PL, PP, PR, PSB, PRB, PTN, PSC.

MUDANÇAS O documento analisado pelo colegiado traz como alteração a inclusão de policiais federais e legislativos no regime de aposentadoria especial, com idade mínima de 55 anos para acesso à aposentadoria. A mudança está diretamente relacionada aos protestos das categorias do setor de segurança pública em torno da reforma. Nessa terça-feira (2), um grupo de agentes penitenciários ocupou a sede do Ministério da Justiça, em Brasília, como forma de demarcar oposição à PEC.

Greve geral paralisa o Brasil No Paraná, mais de 90 categoriais aderiram à paralisação e cerca de 200 mil pessoas do estado participaram das mobilizações

M

ais de 40 milhões de pessoas paralisaram suas atividades na última sexta-feira (28), na maior greve geral da história brasileira, segundo informações da Frente Brasil Popular. A mobilização, convocada por centrais sindicais e movimentos populares, é uma resposta de repúdio às reformas da Previdência e Trabalhista, propostas pelo governo de Michel Temer. Em todo o país, ruas e estradas foram fechadas; ocupações e passeatas também deram eco às vozes dos trabalhadores e trabalhadoras. Ações foram registradas nas capitais de todos os es-

“A previdência não é uma concessão governamental ou privilégio” padre Alexander Cordeiro Lopes tados brasileiros. No Paraná, mais de 90 categoriais aderiram à paralisação e cerca de 200 mil pessoas de todas as regiões do estado participaram das mobilizações. Ações fo-

ram registradas em ao menos 15 cidades paranaenses. Em Londrina, 20 mil pessoas foram às ruas; em Cascavel, 10 mil. Curitiba Em Curitiba, ao menos 30 mil pessoas participaram de uma marcha. Durante parte do ato, realizado na frente à Catedral de Curitiba, o padre Alexander Cordeiro Lopes manifestou seu apoio à mobilização. Segundo ele, a Igreja não adere às lutas populares por questões partidárias, mas pela necessidade de defender os direitos do povo. “A previdência não é uma concessão governamental ou privilégio. Os direitos sociais foram conquis-

tas com intensa participação democrática e muita luta. Qualquer ameaça a eles merece imediato repúdio”. Presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-PR), Júnior César Dias aponta que as propostas do governo federal são resultado do processo de golpe político no país. “Os banqueiros também foram um dos principais financiadores do golpe e agora vão ter benefícios diretos com as reformas em curso. Acabando com a previdência pública eles é que vão lucrar com a previdência privada”, diz.


10 | Cultura

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

DISTRAÍDOS CANTAREMOS | Por Ricardo Prestes Pazello

PASSATEMPO

Belchior é Paranapá Cantor e compositor cearense Antonio Carlos Belchior faleceu no dia 30 de abril, no Rio Grande do Sul, aos 70 anos Arquivo Estadão

Milhares de fãs participaram do velório artista em Fortaleza (CE). O sepultamento ocorreu na manhã do dia 2 de maio

A data de 30 de abril de 2017 cai como um avião no meio da metrópole chamada MPB. A partida de Belchior para outro plano faz do Ceará sinônimo de Brasil; e podemos buscar em Belchior um pouquinho do Paraná. Em 20 de setembro de 1979, por exemplo, ele era entrevistado por Aramis Millarch, pesquisador musical paranaense. Era véspera da estreia da peça “Rasga coração”, de Vianninha, em Curitiba, a qual concluía com a música mais famosa do compositor cearense – “Como nossos pais”. Na entrevista, Belchior menciona sua concepção de “canção”, nem só poesia nem apenas som. A totalidade era o que lhe interessava. Dizia-se influenciado por Décio Pignatari, poeta concretista, que, aliás, vivera a parte final de sua vida na capital paranaense. A totalidade de Belchior, porém, sempre foi vivida com muita angústia, rebel-

dia e juventude. A poesia lancinante de seu canto torto, paralela a linhas melódicas nem muito limpas nem muito leves, fazem de sua obra uma ode à crítica social em todos os seus níveis.

A totalidade de Belchior, porém, sempre foi vivida com muita angústia, rebeldia e juventude Enquanto durou sua viagem nesse mundo, deixou suas marcas na história de um Brasil que transitou da ditadura à reconstitucionalização. Aliás, sua música “Pequeno Mapa do Tempo” o exemplifica, por ter sido censurada, a ela se imputando crítica ao regime e aos exílios (por causa de o poeta expres-

sar seu medo de avião), bem como à realidade social do país. É nela que encontramos o Paraná. O rastro de Belchior deixado neste pequeno mapa é o do medo, qualificado de Brasil. Um Brasil geral, de várias capitais. O poeta, assim, volta ao tema de sua “Alucinação” – o medo da solidão e de sua violência. Por isso, Belchior cita, para expressar seu medo, os nomes das grandes cidades brasileiras na sua música. No meio delas, um “Paranapá”, meio Paraná, metade Paranapanema. Portanto, um conflito de terras no meio do medo urbano já estourava na crítica de Belchior: pá! Na madrugada de 29 de abril para o dia 30, Belchior nos deixa. Mas se nesse ano ele morreu, daqui para frente não morre mais. Mesmo abrindo a porta que dá pro sertão da nossa solidão, o Brasil é um sujeito-nação de sorte por ter tido, do Pará ao Paraná-pá, o cearense Belchior entre os seus!


Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

11 | Cultura

Centro Juvenil oferece curso gratuito de teatro para crianças Vagas para aula de mosaico, modelagem pintura e reciclados também estão disponíveis Divulgação

a transformação social a partir de questionamentos”, conforme apresenta o site da Secretaria de Cultura do Estado. Para realizar a matrícula, é necessário que um responsável pela criança compareça ao Centro com uma foto 3x4, carteira de identidade ou fotocópia da certidão de nascimento da criança ou do adolescente que participará da oficina.

Por Ednubia Ghisi, de Curitiba (PR)

C

rianças de 7 a 12 anos podem participar do curso gratuito de teatro do Centro Juvenil de Artes Plásticas de Curitiba. As turmas estão abertas para o período da manhã, das 8h30 às 11h30, nas segundas e quintas-feiras. Para pais e responsáveis que tiverem interesse em inscrever a criançada, é melhor se apressar: não há prazo final para matrícula, mas o número de vagas por turma é de 15 alunos. Segundo informações do Centro Juvenil, as aulas começam assim que 10 crianças já estiverem inscritas. As oficinas de teatro têm o obje-

tivo de estimular uma “ação reflexiva e transformadora, para promover a cidadania entre as crianças e

Outro curso Centro Juvenil tem ainda vagas remanescentes para os cursos de modelagem, mosaico, pintura e reciclados. As aulas também são gratuitas e ocorrem até o junho, voltadas para

crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Com criatividade, diversos materiais deixam de ir para o lixo e se transformam nas mãos dos jovens. O curso de modelagem possibilita o aprendizado de técnicas com argila. Pequenas pastilhas de porcelanato e cola são as matérias-primas para as aulas de mosaico.

Para ficar por dentro Onde: O Centro Juvenil de Artes Práticas fica na Rua Mateus Leme, 56, São Francisco, em Curitiba. Informações: (41) 3323-5643 e www. cjap.seec.pr.gov.br.

AGENDA 0800

CURITIBA | Reprieses Pareadas na Feirinha Thais Penteado

O quê: Reprises Pareadas é um espetáculo do grupo Circo Rodado, com cenas da palhaçaria clássica adaptadas aos dias de hoje. Os organizadores garantem que será o maior espetáculo da Feirinha do Largo, com música, desafios intelectuais, perigo, mistério e muita brincadeira! Os palhaços se exibem: “Em toda Curitiba só se fala em outra coisa!” Quando: 7/05, domingo, às 12h30 Onde: Praça João Cândido, atrás das Ruínas de São Francisco Quanto: Gratuito (contribuição espontânea ao chapéu)

CURITIBA | Exposição Sentença do Desassossego

LONDRINA | VI Feira das Mulheres Empreendedoras

O quê: A mostra reúne trabalho de seis artistas e pretende despertar as inquietações do público. Estão expostas obras de Renata Lima, Vinicius Prates, Raphaela Corsi, Marcelo Rosa, Edgar Franco e do curador da obra, João Ferreira Quando: Até 25/07, de terça-feira a sábado, 9h às 12h e 14h às 18h Onde: Gibiteca de Curitiba, Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533 Quanto: Gratuito

O quê: A VI Feira das Mulheres Empreendedoras de Londrina vai contar com 52 expositoras, dos mais variados ramos. O evento visa valorizar e divulgar os empreendimentos que são geridos por mulheres na cidade. Além de apresentações culturais, no dia 6 haverá uma feira de doação de animais e Maquiagem para mulheres, gratuitamente oferecida pelo Senac. Quando: 5/05 (14h às 21h), 6/05 (10h às 21h) e 7/05 (10h às 19h) Onde: Asilo São Vicente de Paulo. Av. Madre Leônia Milito, 499 Quanto: Doação de 1 litro de leite, ao Asilo

Lucília Guimarães

LONDRINA | Oficinas de domingo com a família O quê: Oficina Brincadeiras e Sensações para pequenos pretende estimular as crianças, despertando a criatividade e a concentração. Além dela, também haverá a Oficina verde para pais e filhos, que irá ensinar a cultivar mudas de hortaliças, mostrando a importância dos alimentos saudáveis Quando: Domingo, 7/05, das 10h30 às 12h e 14h às 16h Onde: SESC Cadeião. Rua Sergipe, 52 Quanto: Gratuito


12 12 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 04 a 10 de maio de 2017

Foz Cataratas larga bem na Liga Nacional de Futsal

Que bagunça para o Paraná Por Manolo Ramires

Em três jogos, time iguaçuense teve duas vitórias e está na segunda posição do campeonato Divulgação

Da Redação BdF PR

O

empate no último sábado (29) entre Foz Cataratas Futsal com o time Marreco, de Francisco Beltrão, não diminuiu o ânimo da equipe iguaçuense. Com duas vitórias em três jogos, a equipe de Foz do Iguaçu é a segunda colocada da Liga Nacional de Futsal (LNF), um bom resultado para o clube, que participa pela primeira vez da competição. O time chegou a ocupar o primeiro lugar da tabela, mas foi ultrapassado pelo Corinthians após a vitória sobre Marechal Rondon.

Vai para o currículo? Por Roger Pereira As duas equipes somam sete pontos, mas o Foz Cataratas tem menor saldo de gols. O time iguaçuense foi convidado a disputar a Liga Nacional de Futsal em fevereiro.

Alguns jogadores foram contratados para reforçar a equipe. O próximo jogo do time pela LNF está marcado para o próximo dia 20, em Foz do Iguaçu, contra o Joinville.

Joanna Maranhão quebra recorde brasileiro de natação em competição nacional Da Redação BdF PR

A

s competições do Troféu Maria Lenk iniciaram no dia 2, no Rio de Janeiro, quebrando recordes. A nadadora pernambucana Joanna Maranhão bateu recorde brasileiro nos 400m livres, prova que não é prioridade da atleta. Representando a equipe da Unisanta, Joanna fez o tempo de 4m09s41, sete centésimos de segundo a menos que a antiga marca de Manuella Lyrio, durante a Olimpíada do Rio. Joanna Maranhão é responsável por

Período de incertezas no Paraná Clube. A começar pela transferência das oitavas de final da Copa do Brasil. O jogo contra o Atlético Mineiro mudou porque em Curitiba ocorre o depoimento do ex-presidente Lula. A Polícia Militar do Paraná alegou não ter efetivo suficiente. O resultado é, após longo período sem jogos, um atrás do outro nas três competições que o time disputa. Mas essa é a menor das incertezas da torcida. A maior preocupação é a renovação dos jogadores que brilharam no paranaense. Ayrton, por exemplo, foi embora. A luta agora é tentar manter Renatinho. Sem a base e com o troca-troca do futebol brasileiro, o Paraná, que tinha tudo para arrancar bem na Série B, poderá ser obrigado a improvisar. Mesmo assim, a torcida segue confiante para que o desajuste do calendário e possivelmente do elenco sejam rapidamente contornados.

Joanna Maranhão é responsável por outros cinco recordes brasileiros em piscina longa outros cinco recordes brasileiros em piscina longa, e é a segunda maior vencedora do Troféu Maria Lenk. O recorde desta terça-feira foi 30º título

da nadadora na competição. Primeiro grande evento da natação brasileira no ciclo olímpico, o Troféu Maria Lenk segue até sábado (6). A competição será a última seletiva para o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2017, que será realizado em julho, em Budapeste, na Hungria. O campeão olímpico e bicampeão mundial nos 50m livres, Cesar Cielo, também participa da competição. O nadador, que retornou às piscinas em março, ficou sem competir durante 11 meses, após não conseguir vaga para as Olimpíadas de 2016.

A derrota por 3 a 0 em casa, para o grande rival, na primeira partida da decisão do Campeonato Paranaense, foi ainda mais vergonhosa para o Atlético por conta das declarações do técnico Paulo Autuori, antes e depois da partida. A pior delas foi a de que o título estadual não valia nada, não merecia sequer ir para o currículo, que ele não colocava o título do ano passado em seu currículo. Sem o Paranaense de 2016, Autuori está há seis anos sem conquistar um título. O último foi a Copa do Qatar, com o Al Rayyan, em 2011. Será que título no Qatar vai para o currículo? Se não, o último título de expressão do nosso treinador é o mundial de clubes com o São Paulo em 2005, há 12 anos. Com o Paranaense entregue ao Coritiba, temos a Libertadores, a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro para que Autuori não passe mais um ano sem precisar atualizar o currículo.

Visitante indigesto Por Cesar Caldas A vitória do Coritiba (3x0) na Arena da Baixada, no domingo passado, não apenas tornou ainda mais provável seu 38º título estadual (ante apenas 22 do rival). Firmou também uma superioridade rara nos clássicos do futebol brasileiro: ter mais vitórias do que derrotas na casa do adversário. Nos últimos 10 AtleTibas disputados no reduto rubro-negro, o Coritiba coleciona quatro triunfos e o Atlético, três. Em gols, vantagem verde de 15 x 11. Todos os demais clubes das capitais têm marcante superioridade nos próprios estádios sobre os adversários de suas cidades. No Alto da Glória, por exemplo, oito dos 10 clássicos mais recentes foram vencidos pelo alviverde, com o registro de apenas um revés. A tarde do próximo domingo será ocasião para ampliar a histórica “freguesia”.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.